domingo, 13 de abril de 2008

A música no mundo antigo

É um pouco difícil falar sobre a música da Grécia e Roma antiga. Além do longo tempo que existe entre aqueles dias e hoje, houveram fatores que impediram que a prática musical chegasse a nós. Principalmente por que após o declínio de Roma a igreja cristã havia conquistado muito poder. E como a igreja considerava tais músicas com horror foram feitos todos os esforços pra apagar qualquer memória dela.
E, infelizmente, ao contrário da literatura e escultura, não existem modelos autênticos da música grega para serem seguidos. Apesar de existirem relatos verbais, mosáicos, frescos e esculturas que mostram a importância da música na vida militar, teatro, religião e rituais de Roma.
Só pra mostrar um pouco dessa importância, a mitologia grega atribuía à música origem divina, e tinha como inventores deuses e semideuses. As pessoas acreditavam que a música era capaz de curar doenças e operar milagres. E a palavra "música" deriva de "musa". Esse elo sugere que para os gregos a música era concebida como algo comum a todas as atividades que diziam respeito à busca da beleza e da verdade.
E o conhecimento da música era de extrema importância na educação da sociedade. Para Pitágoras e seus seguidores, música e aritmética não eram disciplinas isoladas. Os números eram a chave de todo o universo espiritual e físico, com isso os sistemas músicais, regidos por números, representavam a harmonia do cosmos.
A música também era inteiramente ligada à astronomia. Tanto que Ptolomeu, o mais sistemático teórico da música foi o mais importante astronomo da antiguidade.
O sistema de tons e rítmos, regidos pelas mesmas leis matemáticas, operavam no conjunto da criação. Capaz de afetar o universo.
Assim passaram a sublinhar-se os efeitos da música sobre a vontade e caráter do homem.
"A música imita diretamente as paixões ou estados da alma" (Aristóteles).
Aristóteles e Platão acreditavam que podiam produzir pessoas boas a partir de um sistema de educação cujos principais elementos eram música e ginástica. E que era necessário um equilíbrio entre os dois.
Platão era um pouco mais rígido, e não admitia melodias que exprimissem brandura e indolência no preparo de futuros governadores do estado ideal. Só os modos dórico e frígio eram permitidos (representavam a coragem e temperança respectivamente).
Já Aristóteles concebia que a música fosse usada para o prazer intelectual e a diversão.
Cada modo representava uma característica diferente.
"Os modos apresentam entre si diferenças fundamentais, e quem os ouve é por eles afetado de maneiras diversas. Alguns deixam os homens graves e tristes, como o chamado mixolídio; outros enfraquecem o espírito como os modos brandos, outro ainda suscita um humor moderado e tranquilo (dórico), o frígio inspira o entusiasmo..." (Aristóteles).
O mais provável é que ele não tivesse em mente nada tão técnico ou específico, mas sim a natureza específica genérica das melodias e configurações características dos modos. Pode ter havido outras associações, como as tradições (que são as que eu mais facilmente acredito), costumes e atitudes adquiridos para com os diferentes tipos de melodia.

É realmente um pouco difícil discutir sobre esses pensamentos. Primeiro por que muitas coisas nos separam daquela sociedade. O tempo, a falta de indícios sonoros, a quebra da tradição... E além disso todas as provas teóricas que chegaram até nós são muitas vezes indecifráveis. Era de prática naquela época o uso do improviso durante quase toda a música e os sistemas musicais, como de afinação, eram bastante diferentes. Esses são conceitos que mudam bastante... e que provas teóricas são incapazes de nos dizer com certeza como isso soava.
E como música é som... fica difícil dizer.
Muita coisa mudou daquele tempo pra cá. Os instrumentos mudaram, os sistemas mudaram, as práticas e tradições mudaram... A sociedade mudou.
A busca de um estado ideal já não existe tão fortemente.
O significado e a importância da música mudaram...

Mas, particularmente, acredito no poder que a música tem sobre nós. E no poder que temos sobre a música (sendo ela produto nosso). E sinceramente... acredito no poder que muitas coisas têm sobre nós. É um ciclo. A gente é produto daquilo que temos ao nosso redor, e somos os produtores daquilo que continuaremos tendo.
Acredito na influência de jogos, filmes, livros, novelas...
E pra isso basta dizer que é sabido por todos que houveram muitos momentos em que estados ou outras autoridades proibiram determinados tipos de música.

"Deixe-me fazer as canções de uma nação, que pouco me importa quem quem faz as suas leis".

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Isso é um resumo que fiz quando estudava pra minha prova de história da música 1, que vai ser amanhã. Achei um tema interessante pra ser discutido. Até hoje é meio polêmico mesmo...
As informações foram retiradas do livro "História da Música Ocidental" de Grout.

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Paz, amor & boa música para todos.

2 comentários:

Ido Lima disse...

Malditos romanos e maldito cristianismo ¬¬

angelusgs@hotmail.com disse...

Quando a maldição vem dos malditos ela é uma benção