quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Don Juan (Richard Strauss)

Bom... eu tive que fazer uma pesquisa sobre algum poema sinfônico para a aula de história da música. A professora na verdade nem pediu nada escrito para entregar, era só para a classe pesquisar sobre a história de algum poema.
Daí eu tive a idéia de praticar essas "estruturas acadêmicas" e resolvi fazer em forma de artigo. Foi a primeira vez que tentei fazer algo parecido... então espero que hajam erros, mas que eles não sejam tantos!

AQUI tem a partitura para quem quiser dar uma olhada.

AQUI tem o link de um CD que possui a música Don Juan para quem quiser ouvir!

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DON JUAN, OP. 20
Um Poema Sinfônico de Richard Strauss

Rafaela Santos (UFPE)
rafinha_violino@hotmail.com

Resumo. Breve análise textual da obra Don Juan de Richard Strauss, na qual são discutidos aspectos históricos sobre o surgimento do Poema Sinfônico além de tópicos importantes sobre a vida e obra do compositor.
Palavras-chave: Don Juan, Richard Strauss, Música do Séc. XIX, Poema Sinfônico.

Don Juan, Op. 20
A Symphonic Poem by Richard Strauss

Abstract. Brief textual analysis of the piece Don Juan by Richard Strauss. It discusses historical points about the creation of Symphonic Poems and also important topics about compositor’s life and work.
Keywords: Don Juan, Richard Strauss, nineteen-century music, Symphonic Poem.

O poema sinfônico Don Juan foi composto por Richard Strauss em 1888, quando o compositor tinha apenas 24 anos de idade. A primeira apresentação desta obra foi em 11 de Novembro de 1889, interpretada pela orquestra da Weimar Opera, conduzida pelo próprio Strauss. Tal peça se tornou um sucesso internacional pouco tempo após sua inauguração. Ela é um marco para o estilo formal e linguagem tonal do compositor. Foi baseada no poema Don Juan de Nikolaus Lenau.
A obra tem uma orquestração brilhante e leva em média 16 minutos para ser executada e suas várias dificuldades técnicas e passagens virtuosísticas fazem dela uma das tradicionais peças em audições para instrumentistas de orquestra.
Segundo o próprio Strauss, que escreveu dois dias após a inauguração da obra:
“Bem... Don Juan teve um grande sucesso, soou maravilhoso e foi muito bem. Levantou uma tempestade de aplausos raro para Weimar.”

1. A origem e as características do poema sinfônico.

1.1 Os poemas sinfônicos de Liszt
Os primeiros poemas sinfônicos foram escritos por Liszt. O nome poemas sinfônicos já é significativo: estas obras têm caráter sinfônico mas provavelmente não foram chamadas de sinfonias por serem bastante breves e por não se dividirem em movimentos distintos. É uma forma contínua com seções de caráter e andamentos contrastantes podendo alguns temas ser repetidos, variados ou transformados de acordo com a estrutura de cada obra.
A palavra poema pode se referir a algo que é “feito”, “inventado” (poema sinfônico descritivo) ou ao conteúdo poético (poema sinfônico filosófico) de um programa. O conteúdo e a forma podem ser sugeridos por uma estátua, um quadro, uma peça de teatro, um poema, uma personalidade, um pensamento, uma impressão ou por um objeto não identificável apenas a partir da música, mas que é identificado pelo título dado pelo compositor.

2. Os poemas sinfônicos de Richard Strauss

Os poemas sinfônicos de Richard Strauss são vistos como o apogeu da música programática no final do século XIX, levando o conceito de realismo na música a um nível nunca antes alcançado. Nessas obras ele expandiu os limites da expressividade musical enquanto descrevia temas que achavam ser impróprios para a descrição musical. Ele escreveu poemas sinfônicos filosóficos e descritivos.

Tabela 1 – Lista de obras orquestrais de Strauss em ordem de composição.

1886 Aus Italien, Op. 16
1889 Don Juan, Op. 20
1888/90 Macbet, Op. 23
1888-89 Tod und Verklärung, Op. 24
1895 Till Eulenspiegels lustige Streiche, Op. 28
1896 Also sprach Zarathustra, Op. 30
1898 Don Quixote, Op. 35
1899 Ein Heldenleben, Op. 40
1904 Symphonia Domestica, Op. 53
1915 Ein Alpensinfoni, Op. 64

3. Don Juan, Op. 20

Don Juan é a primeira obra de maturidade musical de Strauss, de grande vivacidade cênica e descritiva, escrita para 3 flautas (a terceira dobrada pelo flautim), 2 oboés, trompa inglesa, 2 clarinetes em A, 2 fagotes, contra-fagote, 4 trompas em E, 3 trompetes em E, 3 trombones, tuba, tímpano, triângulo, címbalos, xilofone, harpa e cordas.
Apesar da obra não ter um programa específico escrito, Strauss usou técnicas programáticas para criar as personalidades de cada personagem da lenda, desenvolvendo uma melodia individual para cada personagem. O exemplo mais claro dessas melodias é achado no desenvolvimento dos temas secundários, ou “temas de amor”. Os temas secundários em Don Juan são contrastantes liricamente com resto da obra, isso acontece porque os temas são desenvolvidos por uma continuidade, uma linha melódica que não é quebrada. Strauss desenvolve o primeiro tema lírico de amor através de criativas técnicas composicionais. A forma pela qual ele consegue isso é fazendo uma longa preparação para a introdução do tema. A primeira preparação começa no compasso 43 com uma mudança de estilo. Strauss usou o tempo e as dinâmicas para causar essa mudança. O tema heróico de Don Juan ainda pode ser ouvido por alguns compassos.
O segundo tema de amor continuar inteiramente até a apresentação do terceiro tema, mas aparece menos regularmente se comparado ao terceiro. Esse tema começa em sol menor, o que a princípio significa que Don Juan tenta seduzir a mulher e depois descreve a sua tristeza pela recusa dela.
Strauss descreve essa parte da história com temas separados em uma melodia contrapontística. Que é a mesma idéia usada por Wagner em Tristão e Isolda. A escolha da flauta para tocar o solo é inteligente, por causa do som delicado porém com grande volume.
A mulher que Don Juan sempre amou entrou e saiu da sua vida continuamente. Strauss descreve isso com as linhas como ondas cromáticas. Esse tema começa com o oboé tocando ainda uma melodia um tanto tímida. Nos compassos 201 e 202 os violoncelos tocam o mesmo ritmo com uma leve pausa no meio. A primeira preparação começa já no compasso 43, com uma mudança de estilo.
Strauss passa a melodia entre o oboé, o clarinete e a trompa, para dar ao terceiro amor de Don Juan uma personalidade mais diversificada.

Referências:

MegaEssay. Richard Strauss’s “Don Juan”. Disponível em: Acesso em: 16 de set de 2009

Musopen. Don Juan, Op. 20. Disponível em: Acesso em: 16 de set de 2009

Wikipédia. Don Juan (Strauss). Disponível em: < http://en.wikipedia.org/wiki/Don_Juan_(Strauss)> Acesso em: 16 de set de 2009

Wikipédia. Tone Poems (Strauss). Disponível em: < http://en.wikipedia.org/wiki/Tone_poems_(Strauss)> Acesso em: 16 de set de 2009

Um comentário:

Hendy Anna disse...

Parabéns pelo trabalho!